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Agricultura biológica triplica em Portugal em dez anos | in "Visão"

Na última década, o País agrícola mudou muito: além do grande auumento da produção em modo biológico, o sector tem mais área de exploração, novas produções e mão-de-obra mais envelhecida. O que mais mudou na agricultura nos últimos 10 anos?

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Existem em Portugal cerca de 4 mil explorações agrícolas certificadas para a produção em modo biológico, segundo a edição de 2021 do Recenseamento Agrícola do Instituto Nacional de Estatística, que analisa e compara a evolução agrícola entre 2009 e 2019.

Este número corresponde a um aumento de 214% face ao último recenseamento que se realizou em 2009. Este crescimento veio ao encontro da procura cada vez maior deste tipo de alimentos, quer por uma percepção pública de melhor qualidade, quer por preocupações ambientais (embora não esteja demonstrado que a pegada ecológica da agricultura biológica seja mais pequena do que a convencional, devido sobretudo à necessidade de maior área agrícola para produzir a mesma quantidade de alimentos). A aposta das cadeias de distribuição neste nicho de mercado também criou maiores oportunidades para os produtores poderem escoar os seus produtos.


É no interior do País que se concentra a grande maioria destas explorações, nomeadamente em Trás-os-Montes, que tem 29,4% das produções biológicas nacionais. No entanto, em termos de área cultivável para produção biológica, é o Alentejo a região mais representativa, concentrando dois terços do total.

Ao todo, a área nacional certificada para a produção biológica ascende a 210 mil hectares, o que representa 5,3% da superfície agrícola em Portugal, sendo quase 70% reservada para pastagem.


Entre as culturas biológicas permanentes, o olival é a que tem maior expressão, com um total de 21 mil hectares, seguindo-se os frutos de casca rija, como a amêndoa e a noz, com 11 mil hectares, e a vinha, cuja produção em modo biológico é já de 4 mil hectares.


Apesar de não terem uma grande expressão em termos de área, os chamados pequenos frutos vermelhos, como as framboesas e os mirtilos, são os que têm a maior percentagem de produção biológica. Da totalidade destes frutos produzidos em Portugal, 12,4% têm o carimbo biológico.


No sector pecuário, Portugal também tem crescido com uma única excepção: a suinicultura, cuja produção em modo biológico caiu 24% em dez anos. No sentido inverso têm estado os produtores de bovinos, que viram as suas criações biológicas crescerem 127% na última década, atingindo um total de 73 mil cabeças.


É também no Alentejo que se encontra a maior parte do efectivo animal em produção biológica, nomeadamente 84% dos suínos, 68,6% dos bovinos e 68,2% dos ovinos.


Agricultura em crescimento

O recenseamento agrícola permitiu ainda perceber que Portugal tem assistido a uma diminuição do abandono desta actividade económica. Entre 1999 e 2009, o País tinha registado uma perda de 26,6% das explorações existentes. Na última década, a descida foi de apenas 4,9%. O abandono da atividade ocorreu entre os pequenos produtores.

Apesar de serem menos, a superfície total explorada para a agricultura aumentou em 400 mil hectares, ocupa atualmente 55,5% do território nacional, num total de 5,1 milhões de hectares, e gerou vendas de 6,6 mil milhões de euros, um crescimento de 46% em relação a 2009.


A dimensão média das explorações cresceu cerca de 13,7% e é uma actividade com uma maior empresarialização. Actualmente existem 14,6 sociedades agrícolas, enquanto em 2009 este número era de 6,8 mil. O caso do sector bovino é um bom exemplo: em dez anos Portugal pe