No segundo dia do Melting Gastronomy Summit discutiu-se uma das tendências da alimentação, nutrição e saúde para 2020, num mercado que também está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade.
Origem e autenticidade são dois dos factores que pesam cada vez mais na decisão dos consumidores ao nível da alimentação. “Todos estamos cada vez mais interessados em saber de onde vêm os produtos que consumimos e o que está na base da sua produção”, reparou Joana Maricato, da consultora britânica New Nutrition Business, que analisa as tendências de mercado na área da nutrição. Uma preocupação que parece ter vindo para ficar, sendo, inclusive, apontada como uma das principais tendências da alimentação, nutrição e saúde para 2020, apresentadas no Melting Gastronomy Summit, que está a decorrer na Alfândega do Porto.
Num mercado em constante mudança, há questões que as marcas tiveram de passar a encarar de frente, sem opção de escolha. Joana Maricato refere-se a elas como “megatendências” e dizem respeito a matérias como a sustentabilidade – os consumidores estão atentos aos tipos de embalagens, nutrientes e práticas agrícolas – e também à procura de produtos naturalmente saudáveis.
Entrando no leque das tendências propriamente ditas, a especialista em pesquisa de mercado alerta para o aumento do consumo de vegetais, sem que isso signifique que estamos a tornar-nos “todos vegetarianos”. “As pessoas querem incluir mais vegetais na sua alimentação e isso pode ser para reduzir o consumo de carne e também para reduzir os hidratos de carbono”, sustentou. Em simultâneo, o consumidor está também cada vez mais atento à “proveniência e autenticidade” dos produtos que escolhe para a sua alimentação diária.
Uma tendência que encaixa naquilo que é defendido pelo chef João Rodrigues, do Restaurante Feitoria, através do projecto Matéria, que tem vindo a desenvolver desde 2014 e que teve a oportunidade de apresentar, na tarde desta sexta-feira, no Melting Gastronomy Summit. Um projecto que visa promover a autenticidade e importância da proveniência e sazonalidade dos produtos. “Quando falamos de comida saudável, o mais importante é sabermos o que estamos a comer”, sustentou o criador do Matéria.
Neste momento, o projecto conta com uma rede de 60 produtores nacionais, seleccionados entre um total de 120 visitados pela equipa envolvida no Matéria. “Procuramos, acima de tudo, boas práticas, mas este é um processo contínuo que depende da disponibilidade para viajarmos pelo país”, sublinhou o chef.
O congresso, que junta mais de 30 oradores para reflectir sobre a gastronomia, teve início na quinta-feira e já centrou atenções em temáticas como os sentidos da gastronomia, slow food, crítica gastronómica, potencial de resposta do sector agrícola aos novos desafios da gastronomia, construção do percurso de um chef, entre outros. Este que é o primeiro Congresso Internacional de Gastronomia de Portugal – pretende-se que tenha uma periodicidade bienal – compreende ainda a realização de showcookings, exibição de filmes, arte, e ainda um mercado de produtos portugueses.
Créditos da Notícia: Público