O snack Baguitas aproveita resíduos da indústria do vinho e é o grande vencedor dos prémios de ecoinovação alimentar organizados pela Portugal Foods. O produto vai representar Portugal na competição europeia, marcada para Outubro, em Berlim.
Os snacks Baguitas e MoliTaste e a massa de arroz MochiPortugal foram os três vencedores da quinta edição do prémio de ecoinovação alimentar (Ecotrophelia Portugal 2021), organizado pelo cluster do sector agroalimentar português Portugal Foods.
A bolacha crocante feita com farinha de bagaço de uva, mel nacional e frutos secos Baguitas, que se posiciona nos segmentos premium e gourmet, foi a grande vencedora da edição deste ano dos prémios de ecoinovação e vai representar Portugal na competição europeia Ecotrophelia 2021, que terá lugar a 11 de Outubro em Colónia, na Alemanha, por ocasião da Anuga, uma das maiores feiras mundiais dedicada à indústria de alimentação e bebidas.
No ano passado, o projecto vencedor do concurso a nível nacional foi também o grande premiado europeu, entre os 13 países que estiveram a concurso. O OrangeBee, um preparado fermentado desenvolvido por duas alunas da Universidade de Aveiro, foi o grande vencedor da 13ª edição do Ecotrophelia Europe.
Baguitas: produto ‘on the go’ e circular
As Baguitas são um snack em forma de bolacha crocante, constituído a partir de resíduos da indústria do vinho, bagaço de uva, mel e frutos secos. A equipa que desenvolveu o novo produto resulta de um projecto de cooperação entre os cursos Ciências de Nutrição e Design de Comunicação, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Como surgiu a ideia para conceber este produto? “De modo a atingir o equilíbrio entre a nutrição e o design pensou-se num produto ‘on the go’, com uma lista de ingredientes que se insere no ‘clean label’. Além disso, a embalagem é constituída por papel kraft reciclado, plastificada interiormente e com um fecho hermético tipo zip”, descreve a equipa que desenvolveu o produto, em entrevista, por email, ao Hipersuper.
Há duas tendências de consumo, relacionadas com tradições da cultura portuguesa, que estão na base do desenvolvimento deste snack: a produção de vinho e o consumo de bolachas (categoria presente em praticamente todos os lares portugueses que representa, em média, cerca de 3% de todo o valor gerado por produtos alimentares anualmente). O produto ainda vai ao encontro das tendências de estilo de vida actuais – é prático, acessível e de fácil e rápido consumo.
A equipa da Baguitas garante que o produto não tem concorrência directa no mercado português. “A existência de potenciais concorrentes no mercado coloca-se apenas na alegação nutricional do produto, ou seja, “alto teor em fibra”. Alicerçado nos conceitos de sustentabilidade, inovação e saúde, a nova marca, através do seu posicionamento de snack saudável, “abrange um leque de possíveis clientes e consumidores que procuram alimentos nutricionalmente mais interessantes”.
O novo snack é ainda um produto que se insere no conceito de economia circular ao aproveitar resíduos da indústria do vinho. “A utilização de subprodutos da agroindústria contribui não só para a bioeconomia como garante a existência de recursos naturais, promovendo o respeito pelas gerações futuras e o decréscimo do desperdício alimentar mundial”.
Actualmente, a produção de Baguitas é artesanal e ainda não está definido o plano de comercialização. A equipa acredita, no entanto, que o snack tem potencial para crescer quer dentro quer fora de portas. “A Baguitas apresenta um elevado potencial de internacionalização, uma vez que o vinho é uma bebida alcoólica com bastante procura a nível mundial e a produção do mesmo é realizada em diversos países”.
O novo produto conquistou também a distinção “Born Form Knowledge”, atribuída pela ANI – Agência para a Inovação.
MoliTaste: farinha de insectos e de trigo sarraceno
O segundo lugar da competição nacional foi para o snack feito a partir de farinha de insectos e de trigo sarraceno MoliTaste. A equipa constituída por seis alunos do segundo ano de Mestrado em Engenharia Alimentar, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, explica ao Hipersuper que “o conceito da utilização de farinha de insecto no produto surgiu como resposta à necessidade global de utilizar novas fontes proteicas e ainda pelo facto de esta ser uma produção bastante sustentável”.