Os três vencedores (e uma menção honrosa) dos prémios Intermarché Produção Nacional, a que o Expresso se associou como media partner, foram ontem anunciados numa cerimónia onde também estiveram em debate os desafios da produção nacional e estratégias para implementar negócios inovadores e sustentáveis.
Num mundo cada vez mais competitivo, onde o sector agrícola enfrenta desafios sem precedentes com as alterações climáticas, os crescentes custos da energia ou a escassez de recursos humanos, os produtores procuram novas soluções que lhes permitam continuar a produzir de forma eficiente, sem comprometer a biodiversidade e o ambiente, nem a qualidade do produto que trazem para o mercado.
As dificuldades são muitas mas há quem tenha conseguido vencer estas barreiras implementando em Portugal projectos que promovem uma produção sustentável e inovadora, com respeito pelas origens e tradições nacionais. Exemplo disso são os três vencedores e a menção honrosa da 9ª Edição do Prémio Intermarché Produção Nacional, conhecidos esta tarde, na sede da cadeia de supermercados, em Alcanena.
A cerimónia contou com a presença de Martinho Lopes, administrador do Intermarché, que realçou a preocupação com os factores “difíceis de controlar” e que têm muito impacto na produção agrícola, seja a nível energético, "com a volatilidade sentida neste momento", ou nos custos logísticos, como o de armazenamento, mas também nos recursos humanos, cuja mentalidade “mudou muito com a pandemia”.
Durante o debate, que antecedeu a entrega dos prémios, Sérgio Ferreira, vogal da direção da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Gonçalo Pereira, country general kanager da VGT Portugal e Martinho Lopes, falaram sobre os desafios da produção nacional, com especial atenção aos temas relacionados com a logística, recursos humanos e sustentabilidade, realçando a resiliência no sector e a sua capacidade de se adaptar e inovar.
Conheça a lista de vencedores do prémio de produção nacional (que pode conhecer em maior detalhe na edição impressa do Expresso desta semana) e as principais conclusões do debate.
VENCEDORES DO PRÉMIO INTERMARCHÉ PRODUÇÃO NACIONAL:
Produção primária
Mel, Iberiensis
Produtos transformados
Ideias com potencial
Dose Certa, Campicarn
Menção Honrosa
Azeite e Conserva de Azeitona, GALEGA
CONCLUSÕES:
Proteger a produção nacional
“Temos um mercado muito dinâmico mas obrigam-nos a cumprir regras e muitas exigências que nem sempre são exigidas do mesmo modo a países terceiros de onde importamos”, alerta Sérgio Ferreira.
Espírito de cooperação entre produtores e distribuidores é apontado como uma das principais formas de ajudar e garantir parcerias com produtores locais
"O sector não está confinado à nossa área geográfica e às nossas fronteiras (…) somos muito competitivos, mas temos de ter cada vez mais ferramentas para ser ainda mais. Devíamos ter um protecionismo maior a nível estatal”, diz Gonçalo Pereira.
Mais sustentabilidade ambiental e económica
O Intermarché fornece aos produtores caixas de plástico que reutilizam num circuito de “desperdício zero”. “Utilizamos as caixas centenas ou milhares de vezes. Poupamos milhares de árvores. O objetivo é olhar para a sustentabilidade ambiental porque é uma vertente obrigatória, também a nível económico”, conta Martinho Lopes.
"A sustentabilidade económica é muito importante e isto é o grande garante do mundo rural", afirma Sérgio Ferreira.
A proibição de aplicar pesticidas com drones é apontada como um obstáculo importante a uma produção de maior precisão, com menos desperdício.
Desafios para 2024
Encontrar forma de manter custos estáveis é, para Sérgio Ferreira, o maior desafio, reconhecendo que a produção agrícola é um mundo complexo e que tem muitos fatores que influenciam
Continuar a trabalhar numa negociação conjunta com parceiros e outros países para poder escoar mais os produtos nacionais é visto como uma estratégia a seguir.
Tendo em conta o cenário de instabilidade política, “contar com uma confederação com capacidade para defender o sector e criar consensos será fundamental para defender a produção agrícola em Portugal”, diz Sérgio Ferreira.
Créditos da Notícia: Expresso