O grupo de flexitarianos é o que mais tem crescido nos últimos dois anos, agregando 7,4% da população sendo que para 74% deste grupo, a principal preocupação é a saúde.
Naquele que é o primeiro estudo realizado a nível nacional sobre a realidade veggie (incluindo veganos, vegetarianos e flexitarianos), os resultados não deixam margens para dúvidas sobre a tendência que tem vindo a afirmar-se nos últimos dois anos: os portugueses estão a mudar os seus hábitos alimentares. Se em Espanha este é um movimento que tem ganho força, e onde já existem 3,8 milhões de adultos veggies, Portugal não foge à regra – 9% da população já segue um regime alimentar veggie, sendo os flexitarianos o segmento que mais tem crescido, com uma representação de 7,4% (um total de 628 mil pessoas).
'The Green Revolution 2019' dá nome ao trabalho desenvolvido pela consultora Lantern, que revela que os hábitos alimentares dos portugueses estão a mudar e que “mais do que uma tendência, esta é já uma realidade social consolidada, com especial destaque para o crescimento do segmento flexitariano, sobretudo entre as camadas mais jovens, atentas às problemáticas ambientais e de saúde”, refere David Lacasa, partner da Lantern.
O principal motivo para adoptar uma dieta veggie? A saúde. 74% dos flexitarianos portugueses assume que este é o factor que mais determina a sua escolha, sendo por isso que seleccionam uma dieta vegetariana. Embora seja uma tendência transversal a toda a população, é nos pequenos nichos que esta mais se tem afirmado: uma em cada nove mulheres portuguesas já é veggie e é na faixa dos 18 aos 24 anos que encontramos mais adeptos destas novas dietas alimentares.
Quando analisado do ponto de vista das restrições, o documento traz consigo dados muito curiosos quando enquadrados na realidade e tradição nacional: nos últimos dois anos, quatro em cada dez mulheres reduziram o consumo de lacticínios, 43% da população assume que reduziu ou eliminou o consumo de carne vermelha e 54% da população revela ter abandonado o consumo de enchidos.
O estudo, que propõe uma reflexão sobre a realidade dos hábitos alimentares dos portugueses, sugere ainda que a crescente adesão aos regimes veggie obrigará o mercado a ser mais fléxivel, adaptando-se e oferecendo alternativas.
Segundo a investigação, o discurso dos veggies já afecta toda a população (mesmo os omnívoros) e influencia o consumo global em todas as suas vertentes. Começando na alimentação, passando pela moda, até à cosmética e farmácia, a verdade é que 50% dos consumidores portugueses não veggies já elegem marcas que não testam em animais, o que revela o impacto destas mensagens e discurso.
Ainda segundo esta análise, um em cada três veggies admite ser complicado ou muito complicado encontrar pratos adequados à sua dieta fora de casa, sendo que o grau de insatisfação com os produtos substitutos disponibilizados pelo mercado é superior a 55%, demonstrando que há ainda um longo caminho a percorrer e um universo de inúmeras oportunidades. “O mundo dos veggies está a evoluir com cada vez maior rapidez, e é urgente oferecer a quem procura alternativas, produtos que respeitem um equilíbrio entre qualidade, preço e factores de acessibilidade e sustentabilidade. O veggie português, sendo maioritariamente jovem, e por isso atento ao desperdício de plástico, ao excesso de açúcares e à composição nutricional dos alimentos, é mais cirúrgico nas suas escolhas e obriga o mercado a estar em permanente evolução”, refere David Lacasa.
Mas não só, “tão importante como estar atento é compreender o que separa flexitarianos de vegetarianos e veganos, atendendo às necessidades de cada um e ao que mais importa para cada um destes grupos, encontrando um espaço pertinente para a sugestão de novos produtos ou serviços”, acrescenta.
Para a Lantern, especialista em inovação alimentar e responsável pela elaboração deste mesmo estudo no país vizinho, “estamos muito perto de poder traçar um retrato Ibérico sobre novas dietas alimentares, sugerindo ao mercado novas formas de comunicar com o seu público alvo e identificando-lhes o espaço certo para a introdução de pertinentes e revolucionárias mudanças” conclui.
Créditos da Notícia: Notícias ao Minuto