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Rever menus, stocks e staff. Como é que os restaurantes se preparam para o confinamento | in "MAGG"

O anúncio ainda não foi feito, mas é quase certo que os restaurante fechem ao público esta Quarta-feira. Fomos saber como é que, de um dia para o outro, se transformam em pontos de take away. Vale tudo, principalmente imaginação.

O menu da semana é strogonoff de grão com cogumelos, arroz e batata doce roxa palha. A sopa é de tomate com pesto de manjericão. Maria Eduarda Perdigão e Tomas Hencel, responsáveis por tudo o que sai da cozinha do Pequeno Café Bistrô decidiram manter o menu semanal, como é habitual, mas fizeram uma gestão dos ingredientes.

"Costumamos ter mais verdes crus no prato, mas decidimos não ficar presos aos frescos", conta Eduarda. Isto porque ainda não sabem se os fornecedores locais com quem trabalham vão manter o mesmo ritmo de entregas. E também não sabem se vão ter clientes suficientes para escoar o stock.


Na verdade, as certezas são poucas, para Eduarda, para Tomas e para todos. Ainda não são conhecidos os detalhes deste novo confinamento, que deverá ter início esta Quinta-feira 14 de Janeiro, mas já é quase certo que os restaurantes vão ter que fechar ao público, mantendo apenas os serviços de entregas e take away.


“Aquilo que devemos ponderar como plausível é o quadro que vigorou durante o mês de Abril ou o quadro que vigorou durante a primeira quinzena do mês de Maio”, disse Siza Vieira após a Concertação Social.


O ministro do Estado e da Economia lembrou que, nessa altura, mantiveram-se em funcionamento a indústria e a construção civil, mas encerraram actividades como “o pequeno comércio não alimentar” e a restauração que funcionava apenas em regime de take away e entrega ao domicílio.


Nessa altura, o Pequeno Café tinha acabado de abrir portas no Mercado de Arroios, em Lisboa, e, por isso, não sabia o que esperar. Nem um ano depois, a incógnita mantém-se. "Agora temos os nossos clientes, mas não sabemos se eles vão querer continuar a sê-lo vindo cá buscar a comida ou encomendando a nossa comida para ter em stock", refere Tomas.


O restaurante vai manter o prato do dia para venda imediata, mas vai apostar num segmento que, acreditam, vai ter mais sucesso: a venda de tudo o que servem no restaurante, mas na versão congelada, para que as pessoas possam fazer stock e ir fazendo ao longo do confinamento. Falamos aqui de almôndegas, cookies, pães de queijo, mas também molhos como maionese e pestos.


Setor pede apoio, mas lay off ainda é a solução para muitos

A Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) defendeu este Sábado a necessidade de “um novo quadro de apoio às empresas e aos seus trabalhadores” caso os restaurantes voltem a encerrar devido à pandemia de Covid-19.


Entretanto, o ministro da Economia já disse que as empresas que tiverem de encerrar no âmbito das novas restrições poderão aceder ao regime do ‘lay-off’ simplificado, que neste momento permite o salário a 100% pagando o empregador “apenas 19% desse salário” e estando isento da Taxa Social Única (TSU).


Essa será a solução para o staff d' O Velho Eurico. "Fico cá apenas eu. O resto vai tudo para casa a partir de Quinta-feira", conta à MAGG José Paulo Rocha que, em Agosto de 2019, assumiu a cozinha de um restaurante com muita história em Lisboa para manter a tradição mas dar-lhe um toque tão próprio que agora é ver as filas à porta à espera de lugar à mesa para comer os croquetes de borrego ou o bacalhau à Brás.

E, nada temam, estes pratos vão continuar disponíveis para entregas e take away. É que se em Março, no primeiro confinamento, José Paulo não teve tempo de reagir e decidiu simplesmente fechar portas, desta vez não se dá por vencido.

A ideia, ainda a ser desenvolvida, será juntar as caras do NKOTB - New Kids On The Block, colectivo que nasceu precisamente desta entreajuda necessária entre chefs, para que cada um deles assuma a cozinha d' O Velho Eurico como sua por um dia.


Já sabemos que das mãos do José Paulo saem dos croquetes mais cobiçados de Lisboa, mas saiba já que Pedro Abril, chef do Chapitô, vai voltar aos ramens e Ana Leão, à frente do projecto Colher