A Ordem dos Nutricionistas alerta para o facto de não existir nenhuma evidência científica que suporte alegações “milagrosas”. Reitero: não existe nenhum alimento específico ou suplemento alimentar que possa prevenir a covid-19.
Vivemos tempos difíceis. No passado dia 11 de Março, a Organização Mundial da Saúde declarou a covid-19 como pandemia mundial. Volvidos sete dias, em Portugal, foi decretado o estado de emergência nacional e várias medidas têm sido adoptadas para conter a expansão desta doença.
Quantas mais medidas são lançadas, mais informação circula entre a população. Tanto nos meios de comunicação social – que têm um papel fundamental na contenção da desinformação –, como nas redes sociais, onde urge “separar o trigo do joio” e perceber o conceito de fontes fidedignas.
Como tal, é também motivo de preocupação as informações que circulam com orientações sobre supostas “terapêuticas milagrosas” no campo da alimentação. Por isso, a Ordem dos Nutricionistas alerta para o facto de não existir nenhuma evidência científica que suporte alegações “milagrosas”. Reitero: não existe nenhum alimento específico ou suplemento alimentar que possa prevenir a covid-19.
Contudo, sabemos que para garantir o normal funcionamento do sistema imunitário é necessária uma alimentação saudável. No entanto, reforçamos que, apesar da alimentação equilibrada contribuir para um sistema imunológico mais eficiente, é importante ter consciência de que não nos resguarda da responsabilidade de adoptarmos medidas preventivas para esta pandemia.
Para auxiliar a alimentação de quem está de quarentena e em isolamento, a Organização Mundial da Saúde apela a que se: compre somente o que se necessita, planeando as refeições; priorize os produtos frescos e as refeições caseiras; aproveite as opções de entrega de alimentos ao domicílio; adeque as porções de alimentos à possível menor actividade; siga as práticas seguras de manipulação de alimentos; limite o consumo de sal, de açúcar e de gordura; consuma alimentos ricos em fibra e beba água; evite bebidas alcoólicas; desfrute das refeições em família.
Acresce que, aplicando o princípio da precaução, apesar de não existir até ao momento evidência de contaminação através do consumo de alimentos cozinhados ou crus, o reforço das boas práticas de higiene e segurança alimentar, durante a manipulação, preparação e confecção dos alimentos, é recomendado.
Tem sido igualmente preocupação da Ordem dos Nutricionistas o acompanhamento da evolução da cadeia de abastecimento de alimentos, no sentido de assegurar uma alimentação saudável para todos os portugueses.
Cabe-nos também recomendar aos portugueses: a adopção das medidas preventivas indicadas pelas autoridades, nomeadamente pela Direcção-Geral da Saúde; o descrédito em promessas milagrosas envolvendo alimentos; a preferência por informações sobre alimentação veiculada por instituições idóneas e por fontes credíveis; e a consulta de um nutricionista para orientações alimentares e nutricionais. A acção dos nutricionistas, enquanto profissionais de saúde, na área da alimentação e nutrição, assume-se como preponderante também neste momento, de forma crítica e contextualizada.
Enquanto Ordem, seremos o garante de que os nutricionistas colocam a sua capacidade profissional ao serviço do interesse público, tal como o exige a actual situação de calamidade pública.
Enquanto bastonária, instigo os nossos governantes para fortalecerem as políticas de segurança alimentar e nutricional destinadas a garantir o direito humano a uma alimentação adequada para toda a população, especialmente para todos aqueles que, em situação de maior vulnerabilidade social, podem ver comprometido o acesso a alimentos de qualidade em quantidade suficiente.
Temos acompanhado de perto o trabalho do Governo e temos estado totalmente disponíveis no nosso duplo interesse: o de servir a população portuguesa na concretização do direto à alimentação adequada; e o de defender os interesses profissionais dos nutricionistas, a quem devem ser garantidas, também, as condições de segurança que o atual momento exige.
Créditos da Notícia: Público