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Empresa portuguesa vai produzir insetos para consumo humano

A Thunder Foods quer ter no mercado, ainda este ano, produtos alimentares feitos com bichos - uma fonte de proteína mais sustentável do que as tradicionais.

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Os bichos são pequeninos, a ambição é grande. A Thunder Foods, com sede no Ribatejo, quer produzir e processar larvas-da-farinha (Tenebrio molitor). Toneladas de bichos. O produto final, por agora, é uma farinha à base desta larva, que tem uma composição nutricional idêntica à da carne “normal”, com muita proteína.


Dada a recente aprovação para consumo deste bichinho pela União Europeia, a Thunder Foods, uma vez construídas as instalações, quer produzir os insectos e transformá-los em “farinha amarela”. Esta farinha “tem um nível de proteína muito elevado, que pode rondar os 70%. E é um produto que pode ser adicionado a um bolo, por exemplo”, diz Rui Nunes, CEO da Thunder Foods, que lembra que os insetos são uma fonte segura de proteína para consumo humano. Por enquanto, outro tipo de subprodutos de insectos, como as barras energéticas ou gelatinas aditivadas com proteína de insecto, ainda não estão no menú.


Rui Nunes esclarece que, tal como na pecuária, variam os estilos de criação consoante as espécies. No caso das larvas de Tenebrio molitor, os insectos vão estar em pavilhões com as condições necessárias de acomodação, dentro de caixas, e vão ser alimentados algumas vezes ao dia. O “abate” acontece passados 3 meses, e é um processo rápido, garante Rui Nunes. A técnica aplicada é por esmagamento ou por temperatura. Depois, são desidratados e farinados, inteiros.


É um alimento sustentável?

Rui Nunes assegira que os insectos são uma solução sustentável, principalmente devido aos subprodutos com que os insetos são alimentados. Normalmente a ração na pecuária é à base de soja, um produto que levanta sérios problemas ambientais. Estes bichos, ao ingerirem, em vez disso, resíduos alimentares e da agroindústria, que de outra forma iriam parar a aterro, ajudam a combater o desperdício alimentar e a dependência da soja.


As emissões de gases com efeito de estufa também são menores, acrescenta. “Seguramente que haverá alguma produção de gases, mas não na mesma dimensão [que a emissão de gases na pecuária]. Uma coisa é estarmos a falar de uma vaca que tem de ingerir 9Kg de alimento para produzirmos 1Kg de bife. Nos insectos estamos a falar quase do inverso, com 10Kg de alimento, eu consigo produzir 9Kg de insecto. É isso que torna os insectos tão eficientes do ponto de vista de produção”. Além disso, continua, “esta produção poder ser feita na cidade, na vertical”, facilitando as questões relacionadas com o espaço que ocupam.


Porquê o Ribatejo?

A escolha da zona de produção não foi acidental: é onde está o “desperdício” da agroindústria. “Tem a ver com o facto de ser um dos sítios onde existem muitos subprodutos agroalimentares”, explica Rui Nunes.


Alimentação à base de insectos é algo comum em várias comunidades. Mas ingerir larvas, gafanhotos fritos, bolachas com abelhas ainda é tido como estranho no ocidente. O presidente da Thunder Foods acredita que não o será por muito mais tempo. Os produtos derivados de insecto são, desde, 2015, considerados pela União Europeia como um “novo alimento”. A farinha de Tenebrio é um deles. É, aliás, o primeiro produto deste género com autorização de comercialização na EU, depois de ser aprovado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos.


Há mais projectos que envolvem insectos como alimento. Uma deles é o da EntoGreen, de Santarém, que usa as moscas soldado-negro para transformar os alimentos deitados fora em ração para os animais, diminuindo assim a dependência da importação neste sector.


Nas palavras do criador da Thunder Foods, a diminuição do consumo de carne passa por “introduzir outras fontes de proteína, sejam elas as de insectos, ou as de origem vegetal, como as algas, ou de hambúrgueres produzidos em laboratório”. Os insectos vão acabar por ser encarados como mais uma fonte de proteína.


Créditos da Notícia: Visão


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