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Estudo pioneiro com gémeos explica porque algumas pessoas engordam mais facilmente | in "VISÃO"

Todos nós conhecemos pelo menos uma pessoa capaz de comer tudo o que lhe apetece sem engordar nem um quilo e também quem sofra constantemente para conseguir manter a linha. Mas afinal, porque é que cada pessoa responde de forma tão diferente à ingestão dos mesmos alimentos? Um grupo de gémeos forneceu pistas preciosas a um grupo de investigadores.

Um estudo milionário realizado pelo King's College London, em colaboração com o Massachusetts General Hospital e a Universidade de Stanford nos EUA, analisou os efeitos que diferentes tipos de alimentos têm sobre cada pessoa. Para isso, a equipa de investigadores examinou 1.100 participantes, na maioria dos casos gémeos idênticos, algo particularmente relevante para considerar os efeitos da genética.


Tim Spector, professor de epidemiologia genética no King's College London, especialista em dieta, e líder do estudo disse: "As nossas descobertas sugerem que a ingestão de calorias é uma medida amplamente sobrestimada para ganho de peso". "Não é útil em nenhum sentido prático, uma vez que as pessoas respondem de forma diferente a alimentos com o mesmo número de calorias", relata a Time.


Sarah Berry, professora de ciências nutricionais na mesma universidade, explicou que "o estudo concluiu que os "macronutrientes" [açúcar, gordura e proteína] explicam menos de 30% da resposta do nosso corpo aos alimentos", o que significa que "os rótulos nutricionais colocados em todos os alimentos embalados que contêm a quantidade de hidratos de carbono e gorduras são inúteis".


Segundo os resultados do estudo, a genética também não parece ser a explicação para o facto de algumas pessoas terem uma tendência maior para engordar. Segundo a professora Sarah Berry, "um (dos gémeos) poderia ter 10 vezes mais glicose ou gordura no sangue após a refeição do que o outro, aumentando o risco de ganho de peso ou doença cardíaca".


O factor aparentemente determinante é o estilo de vida de cada pessoa como, por exemplo, a quantidade de horas que dorme ou o exercício físico que pratica. "Os factores específicos do estilo de vida nunca fizeram parte dos conselhos nutricionais, mas esta pesquisa sugere que podem fazer uma grande diferença no efeito dos alimentos", explica a professora.


Por exemplo, um gémeo pode não apresentar alterações na quantidade de açúcar no sangue se praticar exercício após uma refeição rica em hidratos de carbono, enquanto o açúcar no sangue do outro gémeo, após a mesma refeição, aumentava caso ele não tivesse tido uma boa noite de sono. Ou seja, a resposta do nosso corpo pode ser melhorada através de uma alteração do nosso estilo de vida.


Mas não é tudo. O número de bactérias presentes no intestino também afectou a resposta de cada participante a determinados alimentos. Um dos testes teve em consideração a flora intestinal, e a investigação concluiu que quanto mais espécies de bactérias no intestino, melhor era o processamento de alimentos e nutrientes. "Sabemos que os baixos níveis de bactérias intestinais aumentam as hipóteses de ganho de peso e de doença cardíaca: ainda não podemos dizer é que os níveis ligeiramente superiores nos protegeram, mas é possível”, afirmou Tim Spector.


Para Sarah Berry, este estudo "pode mudar a forma como a investigação nutricional é feita". "Há tanta discordância sobre alimentação saudável porque a pesquisa nutricional não é precisa. Normalmente, baseia-se em respostas a questionários alimentares que perguntam: estava a comer manteiga há seis meses ou há um ano e quanta por dia? Ninguém se lembra desse tipo de coisas, então acaba-se com conclusões como: pessoas que comiam uma média de 10g de manteiga por dia tinham uma probabilidade 20% maior de ter doenças cardíacas. Mas isso não me diz qual o efeito que a manteiga terá para o meu risco de sofrer de uma doença cardíaca", resume.


O estudo foi apresentado esta semana na conferência norte-americana American Society for Nutrition, e ainda não foi publicado em nenhuma revista científica.


Créditos da Notícia: VISÃO


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