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Podemos voltar aos restaurantes em segurança? | in "SAPO"

Depois do isolamento devido à COVID-19, a população e o comércio estão a adaptar-se à nova realidade de segurança. Para além da máscara, saiba como as apps e outras tecnologias estão a ajudar a retomar a confiança, seja na ida aos restaurantes ou a receber a comida em casa.

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Apesar de o Governo ter levantado o estado de emergência da pandemia de COVID-19, e incentivado os portugueses a retomarem o seu quotidiano, com todas as precauções inerentes, as pessoas ainda têm receio de sair à rua, para além das tarefas consideradas essenciais, como passear os animais de estimação, levar o lixo ou fazer as suas compras. Ainda estão num plano bastante secundário as actividades que digam respeito ao lazer, sobretudo idas aos restaurantes, que têm aberto portas nas últimas semanas, muitos deles de forma tímida, estando também a fazer uma adaptação às novas regras de segurança, para evitar novos contágios.


O isolamento e toda esta nova realidade acelerou o processo de digitalização de muitas empresas, que tiveram de se adaptar muito rapidamente. O e-commerce cresceu substancialmente, demonstrando que os cidadãos estão preparados para abraçar a tecnologia se isso for sinal de segurança, comunidade, rapidez e acessibilidade. E com isso em mente, diversas empresas e startups continuam a avançar com soluções tecnológicas para fazer frente à nova realidade pós-COVID-19. O objectivo é trazer as pessoas aos restaurantes e outros espaços com a maior segurança possível, aplicando as respectivas regras de desconfinamento.


As regras para um desconfinamento seguro

A Direcção-Geral de Saúde estabeleceu como regra obrigatória e prioritária o distanciamento de dois metros entre os clientes dos restaurantes e estabelecimentos, excepto se houver grupos de famílias, cujos membros habitem a mesma casa. Isso obriga a uma redução de mesas e lugares para sentar, sendo os estabelecimentos incentivados a criar esplanadas quando possível, assim como criar serviços de take-away. Os funcionários e os clientes que não estiverem a comer deverão usar sempre máscara e doseadores de álcool devem ser mantidos pelos estabelecimentos para higienizar as mãos.


Existem outras regras, como as temperaturas da lavagem da loiça e talheres, mas importa que estes tenham de ser colocados na mesa, em frente ao cliente. As casas-de-banho e outros pontos de contacto frequente, como maçanetas, torneiras, mesas, cadeiras, interruptores e corrimãos devem ser desinfectados constantemente. E para evitar aglomerados de pessoas, devem promover o agendamento prévio das reservas e as ementas tradicionais de papel devem ficar presas nas mesas para evitar manipulações.

Os restaurantes e qualquer outro estabelecimento comercial que cumpram as regras propostas pela DGS, podem ainda candidatar-se ao selo “Clean & Safe”, uma iniciativa portuguesa pioneira a nível mundial, que já foi destacada pela Organização Mundial do Turismo. Este selo, lançado no dia 24 de abril pelo Turismo de Portugal, pretende distinguir as boas práticas das actividades turísticas e outras ligadas ao sector, como a restauração. Esse reconhecimento tem a validade de um ano, até Abril de 2021, sendo 100% digital, gratuito e opcional. Mas para os clientes, esse selo é mais uma prova de segurança. Até ao final de Maio foram emitidos cerca de 8.900 selos “Clean & Safe”.

Considerando este conjunto de regras, as empresas e startups olharam para o potencial tecnológico para ajudar na relação entre os restaurantes e clientes, tendo surgido diferentes soluções para os restaurantes.

Ementas de papel transitam para o digital No caso das ementas, rapidamente têm surgido diversas opções digitais para que os clientes consultem as refeições e façam encomendas sem contacto. Tudo é feito através de códigos QR, lidos pelos smartphones, soluções que pretendem acabar de vez com os menus de papel.

É o caso do Menu Digital criado pelas Páginas Amarelas. O cliente pode usar o seu próprio equipamento para consultar o menu, fazer os pedidos e no fim pagar, reduzindo a necessidade de interacção. Os utilizadores podem assim descarregar e consultar o respectivo menu do restaurante directamente do browser do seu smartphone, sem a necessidade de instalar qualquer app adicional. A Mindshaker também tem uma solução multi-idioma que transforma o smartphone numa ementa digital através de QR Code, apelidada de Emenuk QR. A empresa afirma que já disponibilizava o sistema há alguns anos, mas agora perante o novo contexto, esta passa a ter um novo significado para os clientes.

A mesma ideia teve a agência de comunicação Duzentos, em parceria com a Pentool na apresentação da aplicação Garçom, que para além de mitigar o risco de contacto, pretende optimizar o trabalho dos funcionários, desde a cozinha ao serviço de mesa. O Garçom é acedido através de um QR Code disponibilizado na mesa, que o conduz para a ementa do restaurante, possibilitando a sua consulta, pedido dos pratos e pagamento através de MB Way.


A empresa explica que os pedidos são enviados diretamente para a cozinha, diminuindo enganos, atrasos ou esquecimentos de pedidos. Futuramente, a equipa já pensa na internacionalização do projeto, introduzir outros sistemas de pagamento como o Apple Pay e a ambição de ser “apenas” uma app de restaurantes para ser uma espécie de assistente pessoal durante as refeições e compras.


A plataforma Zwypit pretende igualmente substituir os menus de papel, através de um conjunto de slides criados pelo restaurante que podem depois ser partilhados com os clientes através do QR Code, mas também SMS, email, WhatsApp e outras redes sociais.


A startup PLEEZ criou também uma solução digital que permite aos clientes consultarem o menu, fazer os pedidos e pagar sem a necessidade de chamar o empregado. A médio longo prazo, a PLEEZ tem como objectivo ajudar na organização de equipas dos restaurantes, facilitar a comunicação entre a cozinha e os empregados da sala, favorecendo uma maior rotatividade das mesas.


Peça para entregar em casa

Durante o confinamento, muitos restaurantes adaptaram-se através de serviços de take-away. As pessoas faziam encomendas por telefone e levantavam as refeições rapidamente nos restaurantes. Mas sem necessitar sair de casa, os serviços da Glovo e Uber aumentaram também a sua oferta de entregas, evoluindo face às novas necessidades.


A Uber lançou o Uber Connect, um serviço que entrega itens e pacotes de artigos entre utilizadores. Trata-se de um serviço de estafeta que as lojas e utilizadores podem solicitar para enviar os seus bens a clientes, recorrendo apenas à aplicação: um bolo de aniversário, o almoço que o marido esqueceu, ou outro item. O serviço, disponível em Lisboa, Porto, Braga, Algarve, Coimbra, Aveiro, Évora e Funchal, pretende manter os condutores com trabalho nesta fase mais complicada.


No que diz respeito à segurança, os parceiros que estão na Uber Eats são obrigados a confirmar que tomaram medidas de segurança, uso da máscara, higienização da mochila de entrega, assim como instruções para o distanciamento social. Os funcionários receberam ainda instruções de entrega sem contacto nas entregas dos pedidos. E os clientes poderão classificar os estafetas através do sistema de feedback no final da entrega sobre as medidas de segurança, de forma a haver responsabilização mútua dos serviços.


Quem saiu favorecida com o isolamento foi a Glovo, que nos últimos dois meses angariou mais 700 restaurantes para trabalhar consigo nas entregas, sendo 85% delas pequenas e médias empresas portuguesas. A empresa viu crescer em Abril 28% dos pedidos face a Janeiro e Fevereiro, e só no sector da parafarmácia, houve um crescimento de 375% e as compras de supermercado 80%. Este período viu ainda a sua expansão por mais cinco cidades portuguesas: Olhão, Portimão, Alverca do Ribatejo, Póvoa de Santa Iria e Vila Nova de Famalicão passam a usufruir de entregas rápidas.


A empresa espanhola abriu ainda um supermercado online, disponível todos os dias da semana, das 8 da manhã até à meia-noite. Trata-se de mais um projeto de comodidade para os utilizadores da app ou website da Glovo, permitindo adquirir frescos, pão, bens de cuidados, bebidas e produtos para animais domésticos, por exemplo. Com entregas disponíveis em Lisboa, a empresa garante entregas com uma média abaixo dos 30 minutos.


Seja para ir comer fora, ou receber comida em casa, a tecnologia aliou-se às regras de segurança para ajudar a população. Se as medidas forem tomadas, por clientes ou estabelecimentos, as rotinas podem entrar numa nova normalidade.


Créditos da Notícia: SAPO


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