O primeiro documentário português sobre a pegada ecológica da carne vai estrear em Novembro e pretende explicar que a opção pela carne prejudica a saúde das pessoas e do ambiente e o bem-estar animal.
O documentário, o primeiro grande projecto nacional sobre alimentação de origem vegetal, em detrimento da alimentação com base na proteína animal, junta depoimentos de mais de 20 especialistas e foi filmado em Portugal e em países como o Líbano, Reino Unido, França e Bélgica.
Com estreia marcada para 25 de Novembro e mais de uma hora de duração, o documentário “Carne: a pegada insustentável”, junta o eurodeputado independente Francisco Guerreiro, na produção, e Hugo Almeida, na realização, que já tinham criado a “webserie” “Rendimento Básico Incondicional: um caminho de liberdade”.
No Líbano os autores visitaram um hospital que apenas serve refeições vegan, onde os doentes se sentem bem com isso, exemplificou em declarações à agência Lusa o eurodeputado Francisco Guerreiro, explicando que um dos pilares do documentário é a demonstração de uma realidade que para muitas pessoas é desconhecida.
O eurodeputado do grupo parlamentar europeu Verdes/Aliança Livre Europeia, destaca que o documentário transmite uma mensagem positiva, com exemplos positivos, ainda que também tenha “imagens duras”.
Um documentário, acrescenta, que surgiu da necessidade de contrapor outra informação à dos poderes instituídos, à da resistência na mudança dentro da Comissão Europeia, mostrando que optar por uma alimentação sem carne contribui para a saúde dos consumidores, para o bem-estar dos animais e para a saúde do planeta, combatendo o aquecimento global e a degradação ambiental.
Francisco Guerreiro fala do “bloqueio da Comissão Europeia” em rever a legislação sobre o bem-estar animal, fala da “pressão do lóbi agroindustrial”, dos 366 mil milhões de euros para a produção de alimentos na Europa, sem que a Política Agrícola Comum tenha aproveitado a “oportunidade de transformar o sistema alimentar” europeu.
Críticas que incluem Portugal, onde se consome pescado em excesso e onde se podia estar na vanguarda da produção de algas, que a União Europeia importa, mas que ao contrário se continua a usar “o mesmo sistema” agroalimentar.
Lembrando que os europeus consomem proteína animal em excesso e que desperdiçam 20% dos alimentos, Francisco Guerreiro salienta a necessidade de se remodelarem os sistemas agroalimentares, destaca a importância dos debates sobre estes temas, e garante que “a transição justa é difícil mas tem de ser feita”.
Questionado pela Lusa o eurodeputado considera que as pessoas estão conscientes da necessidade de uma alimentação de base vegetal mas cita uma sondagem de Abril que mostra a importância do preço dos alimentos nas escolhas. Se o preço fosse o justo e real, diz, a carne custaria mais e os vegetais seriam mais baratos.